Uso de guias na Umbanda

Muita gente pergunta qual o significado das guias (colares)?

Essas guias são colares que todos usam, a começar pela guia de Oxalá e tem significado duplo: primeiro o de proteção, depois de doação. Somente após o Amanci é que podemos usar as demais, que são guias dos diversos Orixás. Lembrando que todas as guias devem ser fechadas por um Pai de Santo.

As guias brancas induzem às coisas puras, além de terem caráter refletor.

As vermelhas são úteis para repulsar cargas negativas.

As amarelas para refutar o mau-olhado.

As verdes limpam o pensamento atraindo a cura.

As azuis são calmantes.

As de cor rosa elevam a nossa mente.

As pretas para contactar as forças inferiores negativas.

Devemos lembrar que no Candomblé a cor das guias está associada aos Orixás, o que confundem algumas pessoas, pois na Umbanda seguem o cromatismo, uma vez que para os Orixás existe uma cor energética que varia de um lugar para outro.

Na Umbanda, as cores energéticas dos Orixás e de sua verdadeira vibração são:

Orixalá – branco.
Ogum – alaranjado.
Oxossi – azul.
Xangô – verde.
Yorimá – violeta.
Yori – vermelho.
Yemanjá – amarelo.

Temos os guias naturais que são feitos a partir de elementos naturais.

Elementos minerais – pedras preciosas, semipreciosas, rochas, cristais.
Elementos vegetais – favas, sementes, caules, frutos.
Elementos animais – conchas, búzios, ossos.
Efeito talismânico – Uma guia precisa ser imantada, se não for seu valor protetor será nulo, apenas um enfeite. Outro erro: a quantidade de guia no pescoço, lembre-se de que quantidade não é qualidade. A entidade protege o aparelho e não elas próprias.

Muita paz e amor para nossos corações, ótimo dia para vocês!

Beijos,

Márcia Fernandes

Conheça mais sobre a Linha dos Malandros na Umbanda

Por Nádia de Iansã

O Sagrado pelas energias dos excluídos, este é o significado dos Guias Malandros na Umbanda. Grande parte dessas entidades sofreram na verdade o preconceito racial

E passaram a viver à margem da sociedade com limitações para crescerem e se desenvolverem na vida neste plano.

Totalmente focados na felicidade, eles viveram da forma que puderam, carregando em seu estereótipo físico algo que na realidade não eram na maioria das vezes. O sorriso sarcástico no rosto era a forma de afastar as tristezas, pois lamentação não enche barriga, mas a fé no amanhã pode sim realizar diversos milagres, e era nisso que os Malandros acreditavam.

E foi por meio desse modo de enxergar as possibilidades e de saber lidar com as adversidades que esses espíritos ganharam força maior ao desencarnar, e passaram a ser respeitados e buscados como inspiração nos terreiros de Umbanda.

Não significa que o Malandro era santo, muitos realmente passaram dos limites por conta do tipo de vida que levavam. Porém, ao desencarnaram muitos deles alcançaram um grau de espiritualidade muito elevado ao compreenderem melhor a forma de enxergar a vida. Alguns, somente aprimoraram o que já sabiam, outros tornaram-se conscientes da verdadeira Luz, mas todos eles que trabalham na Linha dos Malandros se dispuseram a auxiliar aqueles que se encontram perdidos ainda em nosso plano.

Essa Linha é muito especial, pois mostra a aceitação do que é Divino para com aqueles que buscam o conhecimento, e ao mesmo tempo expressa para a sociedade o valor que tem o preconceito: nenhum sequer.

A malandragem ensinou a esses espíritos uma forma de erradicar o mau humor, e um jeitinho especial de encarar qualquer tipo de adversidade, por isso eles passaram a ser grandes professores nas Giras.

Os Malandros não são tipos de Exú, como algumas pessoas imaginam, por isso ao se falar de Exú Malandro não se refere especificamente a esta Linha.

Considerados de uma regência bem mista, os Malandros atuam na vibração da força de Ogum – pois são de estrada -, podem aparecer também na Esquerda com regência de Exú – como o famoso Zé Pilintra -, e ainda se apresentarem na cura, com uma fitinha branca em seu chapéu sendo regidos por Oxalá.

Esses Guias no Terreiro, são especialistas em curas, abrir caminhos, desmanchar magias ruins e proteção, por isso devem ser bem-tratados e levados a sério como qualquer outra entidade, pois são seres de Luz e mais elevados espiritualmente que nós.

De atitudes simples, muito fieis e justos, os Malandros não toleram mentiras e se alguém tenta de alguma forma enganá-los será facilmente desmascarado na frente de todos. Apreciadores de fumos, eles se apresentam no Terreiro vestidos elegantemente – tanto quanto gostavam durante a vida -, com suas camisas de seda ou listradas, chapéus de palha ou Panamá com detalhes em fita, alguns gostam de terno e usam sempre sapatos brancos ou bicolor.

Os movimentos que realizam que se assemelham a dança, na verdade é uma forma de limpar o ambiente de toda energia negativa presente. Seus passes e atendimento no geral são sempre alegres, realizados com um sorriso inspirador de quem conhece de perto a dor, mas que perdeu há muito tempo o medo dela.

Felicidade é o que define a Linha dos Malandros na Umbanda, alegria que dá forças de compreensão, traz energias para lutar, e sabedoria para entender que não estamos aqui para desfilar, e sim para crescermos com as dificuldades e evoluirmos durante essa fase que chamamos de vida.

Salve os Malandros!

A Importância do Jogo de Cartas

Por Nádia de Iansã

O baralho cigano encanta, desvenda, traz respostas precisas e rápidas para os temas mais relevantes da nossa vida, provoca êxtase naqueles que o procuram; sua precisão permite com que as pessoas mudem rapidamente seus destinos, agindo de acordo com as revelações dadas pelas cartas; caso assim o desejem posto haver o livre arbítrio. Ele é um oráculo que estimula muito a capacidade intuitiva, por isso é bastante recomendado para assuntos práticos.

Quem vivencia a experiência do baralho cigano acaba se apaixonando por essa prática e se torna cliente fiel.

Ele tem uma forte ligação com o espírito do povo cigano, que não se prende a nenhum local, tendo assim uma leitura mais livre de influências terceiras, voltada somente às energias das cartas.

Um dos oráculos mais antigos e assertivos, o Baralho Cigano é capaz de se aprofundar no campo em que o consulente tiver interesse e tirar dele as respostas necessárias para sua orientação. Envolto em mistérios e sedução, esse baralho atrai atenções até mesmo dos mais descrentes.

De acordo com a tradição, o Baralho Cigano só poderá ser lido por mulheres, pois trazem em seu interior a energia da lua (o oculto), tendo a luz da vidência, o dom do sentir, pressentir e interpretar.

Para a leitura das cartas, a Cigana Esmeralda utiliza três baralhos:

  • CIGANO ( composto por 36 cartas e suas figuras têm significado psicológico e cósmico),
  • CÁRMICO (composto por 22 cartas – ARCANJOS – com o objetivo de desvendar os processos kármicos, conhecer e entender padrões de comportamento e na realidade perceber qual ou quais os caminhos a seguir para repor o equilíbrio nas linhas da vida),
  • MARIA PADILHA (composto por 36 cartas é um sistema divinatório baseado na entidade espiritual Dona Maria Padilha, e por ser um baralho de esquerda e de uma guardiã é extremamente objetivo e assertivo, desvendando o seu futuro).

A magia das cartas ciganas são pontuais ao abordarem um determinado tema, e também a profundidade com a qual analisa e identifica o que é solicitado pelo consulente.

Fonte: Templo Círculo da Paz

Pretos Velhos sob os Aspectos Históricos

Por Nádia de Iansã

As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc.; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros, mercadorias, objetos sem direitos ou alma.

Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França. Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros. Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.

Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc, os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo financiando as guerras e fazendo dos vencidos, escravos.

No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.

Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá; minas e malês.

A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro; em quatro séculos, do XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituíam uma parte selecionada da população.

Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos. Em troca de seu trabalho os negros recebiam três “pês”: Pau, Pano e Pão. E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A “macumba” era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto e reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi (protegido de Ogum).

Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, do Ventre livre e, enfim, pela Lei Áurea.

A Legião de espíritos chamados “Preto-Velhos” foi formada no Brasil, devido a esse torpe comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África.

Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião.

Idosos mesmo, poucos vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e fortes, tanto para resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego. Porém, foi esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a ciência e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe natureza.

Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz sobre o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece, apenas amadurece.

Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se a nata da sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente destruidor, como sempre acontece.

O ato final da peça que encarnamos no vale de lágrimas que é o planeta Terra é a morte. Mas eles voltaram. A sua missão não estava ainda cumprida. Precisavam evoluir gradualmente no plano espiritual. Muitos ainda, usando seu linguajar característico, praticando os sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua ascendência (linhagem), costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência intrínseca da civilização que se aprimorou após incontáveis anos de vivência.

Museu da República vai abrigar acervo sagrado da umbanda e candomblé

Apreendidos pela polícia do Rio de Janeiro entre entre o fim do século XIX e o início do século XX, 519 objetos sagrados de religiões de matriz africana serão integrados à coleção permanente do Museu da República, no Catete.

Conhecido como Acervo Nosso Sagrado, o conjunto permaneceu por quase um século no Museu da Polícia do Estado do Rio. A cessão definitiva para a instituição federal acontece no próximo sábado (19), no Ilê Omolu Oxum, tradicional casa de axé em São João de Meriti.

Os importantes objetos do candomblé e da umbanda, como instrumentos musicais, fios de contas, imagens de santos católicos, tambores, atabaques e roupas ritualísticas estavam guardados em caixas no Museu da Polícia desde 1999, com acesso vetado ou muito restrito de pesquisadores e aos integrantes de religiões afrobrasileiras.

“Agora, a coleção Nosso Sagrado ganha nova vida, encarna novos sentidos e significados, projeta-se mais viva e mais livre num futuro que há de trazer mais conhecimento, mais pesquisa, mais ações educacionais e mais força para combater o racismo religioso”, garante Mário Chagas, diretor do Museu da República.

O primeiro conjunto reunia 126 peças que, em 1938, foram tombadas pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual Iphan. Para a principal liderança do Movimento, Mãe Meninazinha de Oxum, a recuperação do acervo já faz parte da história do Brasil e merece ser comemorada.

“Estou muito feliz e orgulhosa com a vitória do povo de axé, depois de tanta luta para termos o nosso sagrado tratado com o respeito que merece. Demos um grande passo no combate à intolerância religiosa, que sofremos historicamente”, celebra a dirigente do Ilê Omolu Oxum.

Como o Museu da República ainda está fechado à visitação pública por causa da pandemia, ainda não há data para que o acervo comece a ser exposto.

Fonte: Veja

Umbanda: Um ato de resistência da espiritualidade!

15 de novembro é o Dia Nacional da Umbanda, a data que o Caboclo da Sete Encruzilhadas desceu em terra no corpo do médium Zélio Fernandino de Moraes, em 1908. Ali, naquele dia, foi traçado como seria a religião Umbanda. O que era, qual forma de trabalho e como seriam dessa nova religião chamada de UMBANDA.

Porém, muito antes disso acontecer, pelos bairro do Rio de Janeiro, já existiam as famosas “macumbas cariocas”. Caboclos, pretos velhos, já desciam ali, em terra para dar suas consultas e seus passes. Dentro de centros espíritas kardecistas essas entidades eram mal vistas, sendo expulsas e não podendo mostrar seu conhecimento diante da espiritualidade. Apenas médicos, advogados, freis e etc, com um português corretíssimo poderiam descer em suas sessões.

O preconceito com quem “sabia menos” era explícito, mesmo dentro da espiritualidade. Foi necessário que, naquele dia um espírito plasmado “para quem tivesse olhos para ver”, viesse em um frei. A voz veio com um português “errado” e ali mesmo foi mostrado que quem estava presente era o espírito de um caboclo, um índio natural dessa terra que chamamos de Brasil! Provavelmente foi morto no genocídio indígena que houve nessa terra em que eles são os verdadeiros donos!

Caboclo das Sete Encruzilhadas: onde não existe caminhos fechados para onde ele possa caminhar. Esse espírito era um ato de resistência e disse à todos daquele centro espírita:

“Com os que sabem mais, aprenderemos.

Aos que sabem menos, ensinaremos.

Mas a ninguém viraremos as costas!”

Assim a Umbanda nasceu e é uma religião de resistência! Pretos Velhos, crianças, índios, mulheres, baianos e outras entidades são aceitas. Uma religião que tem a macumba carioca, o culto à Jurema, a encantaria brasileira, o ato do benzimento, o culto ao orixá. Mostra a sua força uma religião que não pode se calar!

O preto velho que veio à força e arrancado de seu país, tem história! E uma história muito antes de 1908. A cura com ervas e com rezos.

O índio, famoso caboclo tem a sua história quase apagada. Eles que são os verdadeiros donos de nossa terra e que trabalham com seus bate folhas.

Cada um com sua magia, do caboclo ao Exu.

A Umbanda já tem história, antes de entrar na história.

A Umbanda é a religião que mais agrega e não pode ser silenciada.

Parabéns a nossa amada religião que desde sempre mostrou força e resistência. Seja no Brado do caboclo ou ao enfrentar o elitismo de uma religião que só aceitava doutores.

A umbanda nos faz aprender com crianças, na sua risada, doçura e ternura.

A Umbanda sempre foi e sempre será uma religião de resistência, amor, carinho e compaixão!

Viva a Umbanda! Viva a macumba carioca!!

TEXTO: Diego Agassi | Terapeuta Holístico, Oraculista e Sacerdote de Umbanda

Fonte: Terra

Um santo pode ter diferentes nomes conforme a religião?

Por Pe. Cido Pereira

Eis a pergunta que recebo do Alcides dos Santos, do bairro da Liberdade, em São Paulo: “Algumas pessoas dizem que São Cipriano é o santo dos bruxos; e que São Jerônimo, no Candomblé, é Xangô, o rei da justiça. Existem dois ‘São Ciprianos’ e ‘São Jerônimos’, ou um só, cultuado pelas duas religiões?”.

Alcides, preste bem atenção no que eu vou dizer a você: naquele período terrível em que vigorou no Brasil uma cruel escravidão, os missionários, com a boa intenção de tornar os escravos cristãos, os obrigaram a se batizar e a viver como católicos. Acontece que os escravos traziam de suas tradições culturais lá na África a fé e o culto aos seus deuses.

Naquela época, eles se encantaram com alguns santos católicos e passaram a identificá-los com algumas das divindades que cultuavam. Assim, Iemanjá foi identificada com Nossa Senhora e outros santos nossos, como o bispo São Cipriano, que foi um mago convertido ao Cristianismo; ou São Jerônimo, que foi o grande santo responsável pela tradução da Bíblia em linguagem popular; além de São Jorge e os dois irmãos médicos, São Cosme e Damião. Este fenômeno que mistura elementos de várias religiões tem até um nome: sincretismo religioso.

A Umbanda misturou elementos do Candomblé, trazidos da África pelos negros, do catolicismo, que veio com os portugueses, e elementos indígenas, que já estavam aqui quando chegaram os descobridores.

Assim, respondendo à sua pergunta, Alcides: São Cipriano e São Jerônimo são cultuados de forma diferente pelos católicos e pelos umbandistas, mas se trata sempre das mesmas pessoas que serviram a Deus dentro da fé católica. Tudo isso faz pensar na cultura católica em que se formou o nosso Brasil. Foi à sombra da cruz fincada no solo do Brasil, assim que desembarcaram os portugueses, e foi em torno do altar da Eucaristia que nasceu o Brasil.
Tudo isso faz a gente pensar também na importância da evangelização, que permite purificar a nossa fé e nos manter fiéis à nossa tradição católica.

Fique com Deus, meu irmão. Que Ele abençoe você e sua família.

Mês de Omulu: conheça o Orixá de agosto

Por João Bidú

Agosto é o mês de Omulu, o Orixá que veste um grande capuz de palha que cobre todo seu corpo. Omulu é filho de Nanã que enfeitiçou Oxalá para conseguir engravidar. Porém, Omulu nasceu com má formação e com feridas da doença de chagas, não suportando ideia de ter um filho assim, sua mãe o abandonou à beira mar. Iemanjá avistou a criança e o acolheu, suas feridas e a doenças foram curadas e Omulu foi criado como seu filho.

Orixá ganha seu capuz de palha feito Ogum que percebe que Omulu não quer aparecer em uma festa dos Orixás devido suas feridas. Omulu se tornou o Orixá das doenças e da cura que aprendeu com Oxalá e Iemanjá.

Devido à sua infância e problemas com sua imagem, Omulu é bastante reservado e rigoroso.

Omulu é o médico dos Orixás, o senhor da cura das chagas e de outras moléstias. Por outro lado, é o Orixá soturno e perigoso, dono das doenças epidêmicas. É uma divindade da terra, tanto do solo quanto do subsolo.

Orixá da morte

Obaluaiê liga-se ao mistério da morte, à terra para onde voltarão os corpos e aos segredos da vida após a grande partida. Já sob a forma de Omulu, exerce o papel de guardião dos que deixam a vida. Nesse poder de transformação dos corpos é que está a doença e seu oposto: a cura.

Nos terreiros

A dança de Omulu tem ritmo lento e é chamada de opanijé. Um pé deve estar fincado no chão, enquanto o outro toca o solo de leve, demonstrando aflição e inquietação.

Dança-se curvado(a) para a frente, próximo ao chão, imitando o sofrimento e os tremores de quem está enfrentando a febre.

O Orixá se veste com tecidos pesados, junto de florões. Sobre a roupa, usa uma saia bem comprida feita de palha-da-costa desfiada. Esse é o mesmo material de que é feito o azé, o capuz que leva sobre a cabeça e que vai até os joelhos, bordado com búzios e grandes miçangas com suas cores principais: branco, preto e vermelho. O branco simboliza a paz e a cura; o preto, a absorção de conhecimento; e o vermelho, a atividade.

Seu rosto está sempre coberto, a fim de impedir a visão das chagas. Os fios de suas contas são brancos rajados de preto ou pretos, brancos e vermelhos. Obaluaiê usa ainda fios de búzios, em referência à sua relação íntima com a morte, visto que aqui os búzios representam o destino. Traz numa das mãos uma lança de ferro forjado e, na outra, o xaxará, uma espécie de feixe de palitos de dendezeiro bordado com palha-da-costa e muitos búzios. O feixe, composto de diversos elementos, representa a coletividade.

Além disso, entre os palitos há componentes secretos que só os sacerdotes da Umbanda conhecem, e que contêm o axé de Omulu-Obaluaiê.

Omulu o Orixá das doenças e cura

Orixá da cura, dos mortos, dos cemitérios, cura e estabilidade.

Cor: Branco e preto ou amarelo e preto.

Elemento: Terra.

Local de oferta: Cemitério.

Sincretismo: São Roque e São Lázaro.

Signo: protetor de Capricórnio

Saudação: “Atotô Omulu”.

Oferenda para Omulu

O Orixá que rege nossa passagem para o mundo espiritual deve ser agradado com velas brancas, vermelhas ou pretas, água pura, coco, vinho doce, mel, pipoca e sal grosso, em campo santo (cemitério) ou à beira-mar.

Oração para Omulu

“A Omulú e Obaluaiê peço o perdão e a bênção, Atotô Meu Pai!

Em sua misericórdia infinita, dai-me a saúde plena!

Ajuda a curar as doenças e dá alívio às dores carnais e espirituais, Pai Amado, Atotô!

Afasta de mim aqueles que desejam a destruição de minha saúde e minha devastação espiritual e dá-me forças para vencê-los em espírito, Meu Pai.

Mantenha-me forte e firme nos caminhos difíceis da vida!

Atotô Omulú!”

Banho mágico

Você fará seu banho numa segunda feira e, deverá usar 13 folhas de arruda macho, 13 folhas de arruda fêmea, 13 pétalas de margarida, 13 folhas de artemísia e 13 galhos de alecrim. Acrescente 13 colheres (chá )de erva doce, e ferva tudo em 13 minutos. Espere esfriar e tome o banho do pescoço para baixo. Esse banho faz encontrar alguém especial. E lembre-se de jogar os resíduos no jardim ou água corrente. Não enxugue o corpo com toalha, deixe-o secar naturalmente. Pensar positivo é o que faz diferença!

Como fazer um guia para Omulu

Contas nas cores: preto e branco.

Faça a guia em uma segunda-feira de manhã e deixe-a em um copo com água e sal embaixo de uma roseira. Ao anoitecer, tire-a do copo e coloque para secar ao ar livre.

Fonte: Terra

Umbanda tem entidades amazônicas entre seus guias espirituais

Apesar de ter surgido no Rio de Janeiro, no século passado, a Umbanda, religião afro-brasileira, possui em suas práticas elementos singulares de cada região do país.

Antes de conhecer as influências amazônicas na crença, é preciso entender a sua origem, registrada mais especificamente no ano de 1908. Na época, um adolescente de 17 anos, chamado Zélio Fernandino de Moraes, morador de São Gonçalo, subúrbio do Rio de Janeiro, apresentava uma paralisia sem explicações, e quando os familiares o levaram a um centro espírita de Niterói, ele foi incorporado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, que o instruiu a formar a nova religião.

Segundo estudiosos, a entidade afirmava ter sido o frei jesuíta Gabriel Malagrida em sua vida passada, um grande taumaturgo e humanista, queimado vivo em Portugal, acusado de prática de bruxaria pela Santa Inquisição da Igreja Católica. O caboclo dizia que posteriormente reencarnou em solo brasileiro como um indígena.

A palavra “umbanda” é originária da língua quimbunda, de Angola, na costa Oeste da África e significa “arte de curar”. As crenças da umbanda misturam fundamentos de crenças africanas, espiritismo kardecista e catolicismo. É uma religião monoteísta, ou seja, acredita-se em um único deus supremo, o Olorum. Entretanto, há também outras divindades, conhecidas como os orixás. Os mais cultuados são: Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluaiê, Yemanjá e Yansã, dentre outros.

Todas as entidades são organizadas em linhas e falanges, com diferentes categorias: Caboclos, como os espíritos indígenas e boiadeiros; Pretos Velhos, espíritos de velhos escravos brasileiros; Exus, mensageiros dos orixás e que ‘dão’ caminho aos adeptos; Pombas Giras, identificadas como damas da noite e feiticeiras, são a versão feminina dos Exus; e Erês: espíritos das crianças.

Para cada falanges –  os grupos espirituais que trabalham para determinado orixá, há um coordenador, que está abaixo dos orixás. Por exemplo, o Exu Caveira é chefe de falange de um agrupamento que trabalha para o orixá Omolu e os seus missionários (falangeiros) irão incorporar na Terra, a mando e comando dele.

Entidades amazônicas

Segundo a mãe de santo Cleia, a Índia Neci é um exemplo de entidade nascida no território onde hoje é o Amazonas.

“A Índia Neci nasceu em terras amazonenses e em um certo dia, se perdeu e foi achado na tribo dos Guaranis, onde foi batizada. Ela também é bastante cultuada dentro da Umbanda”, conta.

Apesar de ser uma guia turca,  a Cabocla Mariana teria sido encantada na Amazônia. A linha dos encantados, assim como as demais, é formada por guias que já tiveram a experiência de viver neste mundo, com uma diferença: não sofreram o desencarne, e sim encantamentos.

Pintura representando cabocla Mariana | Foto: Reprodução
Mariana é chamada carinhosamente como D.Mariana, mas sofreu o encantamento ainda jovem, por este motivo às vezes é rebelde, mas com a fineza da uma princesa que foi em vida. Linda de pele clara e olhos claros, Mariana encanta as pessoas presentes em sua gira, aconselha em casos amorosos e familiares, mas não faz nada contrário ao amor, explicou a ialorixá.

Ainda de acordo com a mãe de santo, há milhares de entidades, das quais muitas são amazônicas e cultuadas por diferentes centros de umbanda.

Preconceito religioso

Assim como outras religiões de matriz africana, a umbanda enfrenta um cenário de intolerância religiosa. Foram 152 casos em 2018, um aumento de 5,5% em relação a 2017, segundo informações do Disque 100 do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Em comparação, as demais religiões, excluindo as de matriz africana, sofreram uma queda de 9,9% nas denúncias de discriminação no mesmo período.

Fonte: Em Tempo

Entenda o ofá de Oxóssi, comemoração de Paulinho no gol sobre a Alemanha

Autor do quarto gol da seleção brasileira na vitória por 4 a 2 sobre a Alemanha, pela estreia da seleção brasileira masculina de futebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o atacante Paulinho comemorou com um gesto simbolizando uma flecha sendo atirada. A celebração tem um significado profundo para o jogador: trata-se da flecha, ou ofá, de Oxóssi, orixá que o protege no Candomblé.

O escritor e historiador Luiz Antonio Simas explica que Oxóssi é considerado, para o Candomblé, o “caçador de uma flecha só”, além de um provedor, que traria da floresta a caça para alimentar a população. Dentre os instrumentos associados a cada orixá, o arco e flecha, ou ofá, é o que representa Oxóssi. Ele explica que, na religão, as danças relativas à entidade envolvem o movimento de arco e flecha.

— O mito mais famoso diz que em certa ocasião, ele salvou um reino tendo uma só flecha. Matou um pássaro enviado pelas feiticeiras para trazer a fome para aquele reino — diz.

Muito conectado ao Candomblé e à Umbanda, Paulinho, filho de Oxóssi, chegou a sofrer ataques de intolerância religiosa em suas redes sociais após comemorar a volta à seleção olímpica com a frase “Nunca foi sorte, sempre foi Exu. Laroyé!”. Firme em suas posições, Paulinho ganhou apoio e foi convidado para desfilar pela Mocidade Independente no ano que vem, em desfile que homenageará seu orixá protetor.

— Sou muito agarrado à minha fé. Minha família sempre teve muita conexão com o candomblé e a umbanda. Quando comecei a entender, gostei muito dessa filosofia de vida. Evito focar nesses comentários, que vêm da ignorância, da falta de informação — disse o atacante a Aydano André Motta, na série do GLOBO #nuncaésóesporte.

Para Simas, o gesto de Paulinho é importante no combate ao preconceito às religiões afro-brasileiras, e que emana representatividade na posição de um ídolo do esporte, em especial às crianças.

— É importante pela representatividade. A gente teve um avanço muito forte de designações neopentecostais que demonizam as religiões afro-brasileiras, e isso repercutiu muito no futebol. Quando um jogador faz uma comemoração dessas, evocando uma entidade do Candomblé que o protege, é muito bonito. Imagino uma criança de terreiro de Candomblé, que sofre um preconceito cotidiano por causa da religião, vendo um ídolo do futebol numa Olimpíada marcando um gol e fazendo a flecha de Oxóssi. É muito bonito.

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