Eu voltava da zona sul para a Barra da Tijuca e em Copacabana tomei um ônibus da linha 332, carro 47766, por volta de 13hs.
Ao entrar em Ipanema, o ônibus levou uma fechada e o motorista teve que dar aquela freiada brusca. Até ai, normal né, o atípico foi que logo a seguir a freiada o motorista ligou o alerta do ônibus, se levantou e olhou os passageiros nitidamente para ver se estavam todos bem. Uma criança chorava e ele perguntou se ela havia se machucado, ao que a mãe respondeu prontamente : Ela bateu a testa de leve no vidro, mas não foi nada. O motorista então se levantou, foi nas suas coisas e retornou com uma garrafa de água nas mãos e ofereceu a mãe da criança sugerindo : Senhora, pode passar um pouco de água no rostinho dela, pois está bem gelada e dará uma sensação de alívio. Se quiser pode encostar sobre o local que ela bateu porque ainda deve estar parcialmente congelada, pode ajudar. A mãe pegou a garrafa e fez como ele recomendou, mas em segundos a criança cessou o choro e conversava normalmente com a mãe, que devolveu-lhe a garrafa e agradeceu. Ele seguiu com o ônibus.
Fiquei surpresa com a atitude e passei a observar esse motorista trabalhando e percebi que, além de olhar o trânsito e os pontos de ônibus, o tempo todo ele vinha zelando pelos seus passageiros, agindo de forma atenciosa e cordial quando lhe perguntavam algo, olhando pelo retrovisor sempre que uma criança ou idoso embarcava, até que estivessem em segurança, antes de seguir com o ônibus e procurando o lugar mais próximo e seguro para o passageiro descer quando era impossível encostar no ponto, coisas desse tipo, que me fizeram sentir muito bem em estar naquele ônibus.
É engraçado como estamos tão acostumados a sermos tratados como “coisas” , muitas vezes incômodas, pela maioria dos motoristas de ônibus que quando vemos atitudes como essa ficamos espantados. Porém esse homem simplesmente entendeu que a sua profissão que, erradamente é chamada de motorista de ônibus, na realidade é condutor de pessoas.
Não resisti e tive que aproveitar uma retenção do trânsito para perguntar seu nome, tirar uma foto apressada e lhe dar parabéns. Timidamente, ele respondeu: Meu nome é Cristiano, mas a senhora está me parabenizando por que? SÓ por eu ter ajudado a criança em Ipanema ? Respondi: Não Cristiano, isso fez com que eu prestasse mais atenção em você, na forma que trabalha. Mas depois de muito observar conclui que você merece parabéns, não só pela sua conduta profissional impecável, mas também por ser gente, gente de verdade, daquelas que ainda se preocupam com os outros. Ele sorriu sem graça e eu segui meu caminho.
Parabéns Cristiano !!!!! Que muitos sigam o seu exemplo…
Por Simone Rangel A.K.A. Hazel Von Morrighan