A história da Cabocla Iracema muito é contada, e o seu nome significa “canta a Jandaia”.
A jandaia ainda comum ao longo da costa, é um dos maiores símbolos do seu povo e da cultura do Ceará, que esta situado abaixo da linha do equador , banhada por águas mornas e transparente do atlântico .Um paraíso de encanto e beleza. Lá, viviam homens e mulheres enfeitados de penas coloridas, corpos pintados, armados de arco e flechas.
Conta-se que há muito tempo um dragão saiu dos verdes mares bravios em uma praia hoje conhecida como Iracema, personagem de José Alencar. Como se sabe, dragões são grandes lagartos ou serpentes aladas com hálito de fogo e poderes sobrenaturais, presente na mitologia de diversos povos.
No mito do romancista cearense a Iracema “A virgem dos lábios de mel e cabelos mais negros que a asa da graúna” não foi vítima do dragão e sim do amor pelo guerreiro branco Martim Soares Moreno.
O nome Iracema é um anagrama da palavra América, José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em geral. O Ceará foi invadido pela França, Holanda e colonizado por Portugal, três coroas em busca de riquezas. Nesse romance indianista podemos enxergar o malefício da colonização.
A lenda conta a história entre Cabocla Iracema, a índia Tabajara, primeiro colonizador português do Ceará e os índios de duas nações, os Pitiguaras que habitavam o litoral e eram amigos dos portugueses e os Tabajaras que viviam no interior eram amigos dos franceses.
Seria mesmo uma história de amor. Cabocla Iracema a mais bela, guardiã do segredo da Jurema e do mistério dos sonhos, responsável por fazer à bebida dos deuses, sempre acompanhada pela jandaia, e sempre comparada a natureza.
Martim poderia ter tido muitas índias, mas desejou Iracema que apaixonada por Martim traiu o seu compromisso de virgem, perdendo sua força perante os deuses e a cultura local é estruida. Ela decidiu fugir ao lado do amado, em meio a perigos naturais.
Povos lutaram entre si para provar valentia, as lutas serviram como pano de fundo para a história de amor antagônica. Ao possuir Iracema, Martim destruiu a virgem como o colonizador destruiu as matas. Ele voltou para sua terra deixando Iracema. Do fruto da colonização nasceu Moacir (filho da dor) e de tristeza morreu Iracema. Ao morrer Iracema também morre a cultura, a jandaia se cala e não canta mais. O filho não pode ouvir o canto da jandaia. Martim retorna e leva o filho com ele, agora o filho fala outra língua, tem seus costumes.
O Moacir, fruto da trágica relação entre sangue indígena e português, tornou-se o primeiro cearense. O sacrifício de uma vida transformou-se em semente de uma raça, a fusão de todas as outras. Eis o nascimento da nação brasileira.
“Branco cearense, índios jangadeiros
Dos verdes mares domadores bravos
Do intrépido caboclo nascimento
No Ceará não se embarcam mais escravos”