O ponto riscado é uma ferramenta essencial nos trabalhos magísticos realizados pelas entidades na Umbanda. Ele funciona como um selo, um cartão de visitas, uma identificação, um brasão e uma bandeira da entidade. Este artigo abordará detalhadamente o conceito, os tipos de mandalas, o uso da pemba, os significados dos símbolos e a importância da tábua de ponto.
CONCEITO DE PONTO RISCADO
O ponto riscado é um campo de força criado através de símbolos desenhados dentro de uma mandala. Utilizando a pemba, uma pedra de calcário semelhante a um giz, as entidades riscam esses pontos em uma tábua de madeira, conhecida como tábua de ponto. Este ritual estabelece a afinidade da pemba com as entidades e identifica a quem ela se subordina, além de revelar seus fundamentos.
MANDALAS
As mandalas são representações geométricas que simbolizam a relação dinâmica entre o homem e o cosmos. Dentro das mandalas, sempre há um ponto central que representa Deus, do qual partem todos os outros elementos. Existem dois tipos principais de mandalas na Umbanda:
Mandala Aberta: A mandala aberta expande sua energia de forma ampla, envolvendo todo o terreiro. Normalmente, apenas o pai ou a mãe espiritual do terreiro risca este tipo de ponto, pois ele expande a energia para todos.
Mandala Fechada: A mandala fechada concentra sua energia, criando um campo de força limitado e delimitado. É utilizada em solicitações específicas e em pontos identificatórios das entidades.
USO DA PEMBA
A pemba é a ferramenta principal para riscar os pontos de energia conforme a vibração da entidade. Consagrada, ela pode ser ralada e usada para cruzar ambientes e filhos de santo, sendo soprada nos pontos cardeais para conferir firmeza. A pemba pode apresentar várias cores, dependendo da linha vibracional da entidade.
SÍMBOLOS E SUAS CORES
Os símbolos utilizados no ponto riscado partem de um ponto central na mandala. Cada traço e forma tem um significado específico e, dependendo da ordem, direção e maneira como são posicionados, revelam informações sobre a manifestação espiritual e a missão de trabalho da entidade. Aqui estão alguns dos principais símbolos e seus significados:
- Círculo: Representa o universo e a perfeição.
- Círculo aberto: Energia expandindo.
- Círculo fechado: Energia concentrada.
- Círculo com um ponto: Ser supremo, símbolo de Oxalá.
- Um círculo com dois diâmetros entre si: O plano divino, o quaternário espiritual.
- Círculos menores e semicírculos: Representam as fases da lua (símbolo de Iemanjá) e forças de luz, incluindo Iansã.
- Círculo com estrias externas: Simboliza o sol (símbolo de Oxalá).
- Linha reta transversa: Mundo material.
- Duas linhas retas transversas, linha curva: Polaridade.
- Triângulo: Trindade.
- Hexagrama (dois triângulos): Masculino e feminino, as forças divinas.
- Pentagrama: Estrela de Davi e o signo de Salomão.
- Balança, machado ou nuvem: Símbolos de Xangô e do Oriente.
- Raio: Símbolo de Iansã (mudança dos tempos, intensidade, forte energia).
- Espada curva: Símbolo de poder e força, a luta do bem contra o mal, símbolo de Ogum.
- Espada reta: Símbolo de Iansã.
- Coração: Símbolo do amor e da força dos sentimentos, símbolo de Oxum; a flor também é um símbolo de Oxum.
- Tridentes: Símbolo de força, representando o deus Netuno. Usado por Exus e Pomba Giras, com variações para cada um.
- Cruzeiro: Símbolo das almas e do encontro dos desencarnados. Comum nos pontos de Pretos Velhos e Exus de cemitério.
- Caveira: Identificação dos espíritos que atuam nas esferas do cemitério.
- Flecha para cima: Busca espiritual, objetivo a ser atingido, símbolo dos falangeiros de Oxossi.
- Arco e flecha: Símbolo dos falangeiros de Oxossi.
- Fases da lua:
- Cheia: Magia oculta, símbolo de Iemanjá.
- Crescente: Renovação de forças.
- Nova: Força plena.
- Minguante: Descarrego ou pólo invertido.
- Quadrado: Os quatro elementos (água, terra, fogo e ar).
- Espiral: Para fora indica chamamento de força, retirando demanda.
- Bandeira branca com cruz grega vermelha: Símbolo de Ogum.
- Coração com uma cruz no interior: Símbolo de Nanã.
- Traços pequenos na vertical (chuva): Símbolo de Nanã.
- Folhas ou plantas: Símbolos de Ossanha.
- Cruz latina branca: Cruz de Oxalá.
- Cruz grega negra: Com pedestal, símbolo de Omulu.
- Arco-íris: Símbolo de Oxumaré.
- Estrela branca (Oriente): Luz dos espíritos.
- Estrela guia (com cauda): Símbolo da capacidade de acompanhamento (Oriente).
- Oito deitado (lemniscata): Símbolo do infinito.
- Cordão com nó ou um pano: Símbolo das crianças.
- Conchas do mar: Símbolo das crianças.
- Águas embaixo do ponto: Símbolo de Iemanjá (mar).
- Pequenos traços de água: Símbolo de Oxum.
- Traço ou linha curva com círculo nas pontas: Símbolo de força, amarração e descarrego.
- Rosa dos ventos: Chamamento de força ou descarrego.
- Palmeiras ou coqueiros: Força dos Velhos.
- Traço com três semicírculos nas pontas: Descarrego e força também.
TÁBUA DE PONTO
Os pontos riscados podem ser desenhados em qualquer local, mas recomenda-se que o médium utilize uma tábua de ponto de madeira de boa qualidade, como cedro ou pinho. Ao término do trabalho, o ponto deve ser apagado no sentido horário com uma bucha vegetal e seca, mantendo a ordem e a energia do ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ponto riscado é um instrumento sagrado que revela a essência e a missão de cada entidade. Através de símbolos e mandalas, ele cria um campo de força que auxilia nos trabalhos espirituais, protegendo e guiando os praticantes. Compreender e respeitar esses pontos é fundamental para a prática da Umbanda.
REFERÊNCIAS
ALDEIA PENA BRANCA. “Entenda o ponto riscado.” Disponível em: http://aldeiapenabranca.blogspot.com.br/.