A intersecção entre as tradições católicas e afro-brasileiras no Brasil revela uma riqueza cultural singular. Um exemplo notável dessa fusão é a celebração de Oxóssi, Orixá da caça e da fartura, no dia de Corpus Christi. Essa prática, adotada por importantes terreiros de Candomblé, como Ilé Àṣẹ Òpó Àfọ̀njá, Engenho Velho e Gantois, destaca a sinergia entre diferentes tradições religiosas ao celebrar o alimento espiritual e material.
A Origem de Corpus Christi
Corpus Christi é uma celebração católica que teve origem no século XIII, criada para reforçar a presença de Cristo no pão consagrado. Essa festividade é marcada por procissões que percorrem as ruas, onde fiéis expressam sua devoção. Um elemento central dessas procissões são os tapetes de sal, elaborados com desenhos devocionais que representam figuras como Cristo, o pão e o cálice.
Oxóssi e a Celebração de Corpus Christi nos Terreiros
Nos terreiros de Candomblé, o dia de Corpus Christi é especialmente dedicado a Oxóssi, o Orixá da caça, responsável pela fartura e alimentação do ser humano. A festa a Oxóssi tem como objetivo celebrar o alimento, a abundância e a prosperidade. Ao unir esses rituais, tanto a celebração católica quanto a do Candomblé exaltam o sustento do corpo e da alma, evidenciando uma comunhão de valores espirituais e materiais.
O Tapete de Sal Ecumênico de 2019
Em 2019, o Instituto Expo Religião, que reúne 21 segmentos religiosos, foi convidado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro para confeccionar um tapete de sal ecumênico. Segundo Luzia Lacerda, diretora do Instituto, este evento representou um momento especial de convivência e entendimento entre diferentes crenças: “É preciso aprender a conviver com todos, independente de credo, raça ou gênero. Estaremos com vários representantes religiosos, confeccionando o tapete no intuito de mostrar que somos pessoas de fé desejando um mundo melhor para todos!”