A chegada da Covid ao Grande ABC trouxe sofrimento, mas ampliou a solidariedade. Uma das ideias criadas na pandemia para ajudar ao próximo é o Varal Solidário, que fica na Rua Senador Flaquer, 929, no Centro de Santo André. Lá há uma faixa que diz: ‘Doe o que puder. Pegue o que precisar’. Trata-se do projeto que fica em frente ao Centro de Umbanda Tiaozinho do Morro e nasceu por intermédio do contador andreense Wagner De Bessa, 56 anos, que também é dirigente do espaço religioso.
“Começamos no inverno, em maio. Resolvemos dar comida (aos mais necessitados) na pandemia e vimos que as pessoas precisavam de roupas também”, explica Wagner, que na empreitada conta com o apoio da mulher, Maria Roseli Fontana De Bessa, 62.
“Quem pode deixa. Quem precisa leva”, explica ele. É assim que funciona. As pessoas começaram a passar pelo local e observar o varal com as roupas e hoje o projeto anda por si só, segundo ele. “Foi como colocar fogo num papel. Pegou”, brinca.
Wagner explica que as pessoas do centro de umbanda ajudam bastante nas doações, mas afirma que o projeto não é exclusivo do local e que qualquer pessoa que sentir vontade pode participar.
“Se eu colocar roupas lá pela manhã, depois de uma hora não tem mais nada”, afirma. Ele conta que muita gente faz a doação a noite, provavelmente na volta para casa após dia de trabalho. “A rotatividade é grande, tanto para doação quanto para retirada. O pessoal já se habituou. É algo que deu certo nem depende mais da gente”, afirma.
De acordo com o contador, tem gente que deixa livros no local e até mantimentos. “Já deixaram até uma máquina de lavar roupas. Pensei que fosse tomar uma multa (por causa do eletrodoméstico na calçada), mas depois de 20 minutos já não estava mais ali”, diverte-se.
Recentemente Wagner recebeu a doação de dez sacos de 100 litros cada com roupas. Ontem começou a pendurar as vestimentas do último deles. “Todo o restante já foi embora”, celebra.
E não é necessário chamá-lo para doar ou retirar. Basta colocar ou pegar do varal. O apelo que ele faz é para que deixem apenas roupas em bom estado. Calçados também pode.
“Estou aqui há 20 anos e só tive essa ideia na pandemia. As coisas acontecem quando tem que acontecer mesmo”, afirma o contador.
Wagner conta que há pessoas que o procuram para agradecer pela iniciativa. “Nem precisa, mas a gente se sente feliz. É algo gostoso, satisfatório, dá uma energia muito boa. Uma floresta nasce com uma muda de árvore. Fazemos nossa parte e as coisas vão fluindo”.
Fonte: Diário do Grande ABC