A Sexta-feira Santa, conhecida pela celebração da morte de Jesus Cristo na tradição católica, possui um significado e rituais distintos na Umbanda. Nesta data, os umbandistas realizam cerimônias que refletem sua conexão espiritual e a batalha dos Orixás contra o mal. Vamos explorar os significados, práticas e rituais da Sexta-feira Santa na Umbanda, revelando sua profundidade e riqueza cultural.
Significado da Sexta-Feira Santa na Umbanda
Para a Umbanda, a Semana Santa simboliza a criação do mundo, um período sagrado onde a espiritualidade é intensificada. Na Sexta-feira Santa, os umbandistas se vestem de branco, representando pureza e paz. Este dia marca a descida dos Orixás do Orún (mundo espiritual) para apreciar a criação de Olorum (o Grande Criador). A alimentação também segue a cor branca, com pratos como canjica, arroz doce e pães, simbolizando a harmonia e a limpeza espiritual.
Rituais da Quaresma na Umbanda
Assim como na tradição católica, a Umbanda acompanha a Quaresma com rituais específicos:
- Quarta-feira de Cinzas: Marca o início do período quaresmal. Os Orixás da casa são vestidos e recebem oferendas de suas comidas favoritas. Os atabaques são lavados e guardados, simbolizando um período de reflexão e preparação.
- Sábado de Aleluia: Os atabaques são “acordados” novamente, simbolizando a renovação espiritual e a continuação dos trabalhos nos terreiros.
Rituais da Sexta-Feira Santa
Na Sexta-feira Santa, vários rituais são realizados para honrar os Orixás e proteger os praticantes:
- Oferendas a Oxalá: Pratos são oferecidos a Oxalá, pedindo paz e prosperidade para o terreiro e seus seguidores. Oxalá é considerado o pai maior e símbolo de pureza e paz na Umbanda.
- Fechamento do Corpo: Este ritual é essencial na Sexta-feira Santa, aproveitando a alta energia do dia. Os guias espirituais utilizam ervas, cristais, imantação solar e lunar, e pemba (um giz especial) para criar um escudo de proteção em torno do corpo dos médiuns. A pemba é usada para riscar pontos no corpo e no chão, conectando-os ao plano espiritual e emanando vibrações protetoras.
A imantação nos centros de força (chacras) impede a ação de espíritos obsessores (eguns). Estes espíritos, muitas vezes, ainda não têm consciência plena de sua condição e podem influenciar negativamente os vivos. O fechamento do corpo cria um escudo que protege o médium, permitindo que ele trabalhe com segurança em sessões de “descarrego” e outras atividades espirituais.
Proteção Contra Eguns
Na noite de quinta para Sexta-feira da Paixão, os umbandistas se protegem contra eguns. Iansã, orixá guerreira, está em batalha durante esta noite, deixando os eguns livres para rondar. Os contra-eguns são utilizados para proteger os seguidores de influências espirituais negativas.
Eguns são espíritos que ainda não alcançaram um grau de consciência necessário e podem se tornar obsessores, ligando-se aos vivos para satisfazer seus desejos não realizados. A proteção contra esses espíritos é crucial para manter a energia e o bem-estar dos praticantes.