Na Estrada Velha da Serra da Estrela, na Região Serrana do Rio de Janeiro, há o acesso ao Parque Ecológico dos Orixás. É uma região onde líderes espirituais, tanto da Umbanda quanto do Candomblé, se reúnem para realizar suas cerimônias religiosas.
Segundo Luiz Nunes, administrador do parque, hoje a região é uma terra abandonada, mas já teve diversas fazendas, que foram abandonadas devido à febre amarela que era ameaça no local. “Morreu muita gente de febre, isso aqui ficou abandonado e muita gente se apossou. Aqui, uma federação toma conta, e todos os associados pagam anuidade. Com essa anuidade eles usam o espaço o tempo todo sem pagar nada”, revela.
Enquanto a Coca-cola, que comprou as terras do vale há cerca de um ano, não ocupa o local, os religiosos realizam cultos de descarrego, batismo e iaô. “Descarrego é um sacudimento que, tudo o que a gente come, a gente passa na pessoa para tirar a energia negativa”, explica Luiz Nunes.
O Parque Ecológico dos Orixás foi criado para o povo da Umbanda e do Candomblé fazerem seus trabalhos espirituais. As pessoas podem fazer oferendas, passar o dia, e o espaço tem área de lazer, vestiário feminino, masculino.
Há variedade de comida nas oferendas. Nas cerimônias, uma longa preparação em terra firme e uma parte final na água, quase sempre embalada por um canto e o ritmo das palmas. Uma delas é o ritual de iniciação, na qual uma pessoa se prepara para se tornar filha de um orixá. “Primeiro ela tem que agradar a todos os orixás da natureza, Oxum, Xangô, Oxossi, os orixás do rio, da mata e das cachoeiras. Ela fica no roncó por 16 dias. Quando completa 16, ela vai sair no que se chama de barracão de santo, a casa do candomblé”, conta Ieda de Oxossi, mãe de santo.
Em uma cerimônia conduzida pelo Babalaô Leonardo para resolver um problema amoroso, alimentos foram dispostos em posições determinadas, e o sangue de um frango e uma pomba foram derramados nos pés de uma mulher. “Dentro do culto do Candomblé, a gente não faz sacrifício, a gente dá oferenda para o orixá. A gente faz isso nos nossos trabalhos culturais”, explica Walmir de Omulu, pai de santo.
Já na Umbanda, não existe oferenda de sangue, segundo o pai de santo. “A gente pega o pombo, que é o Divino Espírito Santo, faz as consagrações e solta ele vivo na mata”, explica Walmir de Omulu.
Walmir diz que a diferença da Umbanda e do Candomblé está na diferença dos rituais. “No Candomblé há muitos rituais de segredo que a gente não pode expor. A gente cultua orixás. A Umbanda não tem orixás, na umbanda tem essas imagens, que é nosso pai Oxalá, tem Caboclo, Preto Velho, Iemanjá, as imagens que, dentro da igreja católica são São Gerônimo, Santa Bárbara, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Carmo, São Jorge, que é ogum. Isso cultuamos na Umbanda”, explica Walmir de Omulu, pai de santo.
Há também, em alguns cultos, o banho purificador. “É para energizar. Porque quando a gente está negativo, a gente fica sem energia ou com energia negativa. Nada mais é do que frutas, folhas, banhos da natureza, para renovar essa energia”, diz o Babalaô Leonardo.
Fonte: Globo News