Médiuns Curadores

Por definição os médiuns curadores são pessoas que tem a faculdade de curar apenas pela prece, toque, sopro, imposição de mãos, olhar ou gestos sem a utilização de medicamentos, sendo intermediário ou mediano de Espíritos na cura das doenças.
Franz Anton Mesmer, médico que estudou o magnetismo no final do século 18 afirmou que

“…médiuns curadores começam por elevar sua alma a Deus e fazem, por isto mesmo, um ato de humildade, de abnegação e Deus lhes envia poderosos socorros como recompensa. Esse socorro que envia são os bons Espíritos que vêm penetrar o médium de seu fluido benéfico, que é transmitido ao doente. Também é por isto que o magnetismo empregado pelos médiuns curadores é tão potente e produz essas curas qualificadas de miraculosas, e que são devidas simplesmente à natureza do fluido derramado sobre o médium. Ao passo que o magnetizador ordinário se esgota, por vezes, em vão, a fazer passes, o médium curador infiltra um fluído regenerador pela simples imposição das mãos, graças ao concurso dos bons Espíritos.”

Não podemos confundir mediunidade de cura com magnetização. A magnetização é um tratamento contínuo, regular e metódico; ao passo que a cura realizada por um médium curador ocorre espontaneamente e de forma instantânea.
O médium curador consegue exercer com a sua ação curativa uma cura eficaz, mais ou menos rápida ou, pelo menos, a interrupção do curso da doença. Esta é a grande diferença do médium curador para o médium comum Allan Kardec escreveu no Livro dos Médiuns que
“…o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem. A força magnética reside no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias. “
O médium de cura às vezes é assolado por dores, pois sente as dores de pessoas que estão no mesmo local onde se encontra, ou de pessoas que procuram atendimento. É uma característica muito comum aos curadores, que identificam o local a ser tratado, pois sentem em si mesmos as dores e sintomas das enfermidades. Na mediunidade de cura, há médiuns que agem mais eficazmente em certas doenças, e em certos órgãos do que em outros.
A importância dos médiuns curadores nas Casas Espíritas, como afirmou Divaldo Franco, é que ele é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.

Os médiuns curadores que praticam as leis sagradas que o Espiritismo ensina, com desinteresse e humildade, se aproximam de Deus. A doçura constante que Jesus Cristo, nosso maior exemplo, ensinou com submissão à vontade de seu Pai e a perfeita abnegação, são os mais belos modelos da vontade que se possa propor na cura

Emanuel no livro Seara dos Médiuns, no capítulo “Oração e Cura” disse:

“Lembremo-nos de que lesões e chagas, frustrações e defeitos em nossa forma externa são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus. A cura só se dará em caráter duradouro se corrigirmos nossas atuais condições materiais e espirituais. A verdadeira saúde e equilíbrio vêm da paz que em espírito soubermos manter onde, quando, como e com quem estivermos. Empenhemo-nos em curar males físicos, se possível, mas lembremos que o Espiritismo cura sobretudo as moléstias morais“.

Um exemplo de médium curador e de grande importância em nosso estado foi Juvêncio de Araújo Figueiredo. Nascido na Ilha do Desterro, hoje Florianópolis em 27 de setembro de 1865 foi um dos pioneiros espíritas de Santa Catarina. Foi membro da Academia Catarinense de Letras, da qual ocupava a cadeira de número 17, e muito amigo de Cruz e Souza, também espírita.

Foi um dos mais notáveis médiuns espíritas, podendo-se mesmo dizer que foi uma das raras joias da mediunidade, pois, além das incalculáveis possibilidades que os Espíritos do Senhor nele encontravam para suavizar as dores da alma e do corpo. Era dotado de notável poder de análise e de discernimento. A sua mediunidade era das mais seguras, pois, como médium meticuloso e amante da verdade, tudo submetia ao crivo da razão e da lógica.

Juvêncio de Araújo iniciou sua vida como tipógrafo, passando posteriormente a colaborar em vários jornais, tanto de sua terra como de outros pontos do país. Poeta harmônico e agradável teve a honra de fazer parte de um grupo de amantes da literatura, do qual faziam parte Cruz e Sousa, Santos Lostada, Oscar Rosas, Virgílio Várzea, Horácio de Carvalho dentre outros. Em 1904, escreveu Ascetérios. Logo após produziu alguns trabalhos inéditos, tais como Praias e Novenas de Maio.

Desencarnou em 1927 com 62 anos, grande parte dos quais destinados à difusão do Espiritismo. Os que tiveram a oportunidade de conhecer ou conviver com esse grande médium e conselheiro puderam sentir o quanto vale um homem que tem dons de Espírito e que os coloca a serviço do seu próximo.

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