No período de final de ano sempre sou questionado sobre o ritual de pular sete ondas para aqueles que vão estourar champanhe à beira mar na passagem do ano.
Parece que é uma resposta simples, do tipo: “- Porque sim” como sugeriu uma propaganda de TV de um Banco. É certo que milhares de pessoas fazem este ritual simplesmente porque muitos fazem, sem se preocupar com o significado, virou uma espécie de simpatia, superstição ou brincadeira no meio de uma farra festiva.
Bem, mas para entender o ritual de pular sete ondas é preciso compreender outras questões importantes.
É comum em todas culturas de todo tempo o ritual de passagem de uma estação a outra, de idade, tantos outros motivos, não seria diferente com a passagem de ano.
Cada cultura tem um calendário próprio, no Ocidente seguimos o calendário Gregoriano, instituído pela Igreja Católica em 1582.
O próprio termo Revéillon vem do francês reveiller que significa “refeição noturna”. Esta festividade sempre foi uma tradição européia, trazido para os demais países do Ocidente.
Já o uso da roupa branca na ocasião do revéillon é genuínamente Umbandista, é da Umbanda o hábito de vestir o branco em seus rituais e como nesta ocasião milhares de Umbandistas faziam suas homenagens à Mãe Yemanjá, ficando muito popular e muito divulgado pela mídia nas décadas de 80 e 90, por fim caiu na graça popular, entendendo que vestir o branco nesta data, traz boas vibrações.
E é em busca de boas vibrações e limpeza energética que muitas outras culturas religiosas fazem nesta data defumações, orações especiais e rituais diversos.
Por fim, pular sete ondas também é uma prática Umbandista, embora sem consenso unânime já que não é possível saber quando e onde exatamente começou o ritual, sendo replicado pela coletividade, cada terreiro é livre para dar seu significado e explicação, entende-se em linhas gerais que é um ritual de purificação, outros explicam que é a confirmação em sete vezes da devoção à Rainha do Mar e uma versão que acho bem simpático e de maior coerência é de que cada onda representa um Orixá, que é saudado e solicitado força para o novo ano, já que a grande maioria dos terreiros culturam as Sete Linhas como sete Orixás. Já na Umbanda Sagrada, seria cada onda uma saudação para cada Trono Divino.
Independente do olhar pessoal deste rito, lembre-se que você está nos braços de Mãe Yemanjá, então que a cada onda pulada, reforce para si seu respeito, devoção e relacionamento com esta Divina Mãe.
Deixo uma sugestão de prece, pensamento nesta hora de Rito Sagrado:
Mantenha seu pensamento sutilizado e concentrado nos Divinos Orixás na presença de Mãe Yemanjá
1ª Onda – Pai Oxalá, eu te saúdo e agradeço pela imantação de Fé que mantém minha espiritualidade e religiosidade ativa nesta encarnação;
2ª Onda – Mãe Oxum, eu te saúdo e agradeço por sentir amor em meu coração, pela família e pelos amigos;
3ª Onda – Pai Oxóssi, eu te saúdo e reverencio vossa luz expansora em minha consciência que não aceita limitações e me mantém ativo na caça constante do meu crescimento intelectual, racional e consciencial;
4ª Onda – Pai Xangô, eu te saúdo e me curvo à vossa luz de Justiça e equilíbrio em meus atos;
5ª Onda – Pai Ogum, eu te saúdo e evoco a retidão que mantém minha caminhada ordenada na direção correta;
6ª Onda – Pai Obaluayê, eu te saúdo, silencio e agradeço pela saúde do meu corpo;
7ª Onda – Mãe Yemanjá, Divina Rainha, eu te saúdo, reverencio e agradeço pela vida.
Que você tenha uma ótima festa ritual!
Que no novo ano, você seja e faça melhor.
Grande abraço,
Rodrigo Queiroz
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