A mediunidade dentro da bíblia

Dentre vários outros, a comunica­ção com os chamados “mortos” é um dos princípios básicos do espiritismo, inclusive, podemos dizer que é um dos fundamentais, pois foi de onde surgiu todo o seu arcabouço doutrinário.

MEDIUNIDADE NA BÍBLIA

Primeiramente, selecionei alguns trechos com relação à sobrevivência do espírito, pois ela é a peça fundamental nas comunicações.

Leiamos:

– Quanto a você [Abraão], irá reu­nir-se em paz com seus antepassados e será sepultado após uma velhice feliz. (Gênesis.15,15).

– Quando Jacó acabou de dar ins­tru­ções aos filhos, recolheu os pés na cama, expirou e se reuniu com seus ante­pa­ssados. (Gênesis 49,33).

– Eu digo a vocês: muitos virão do Ori­ente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abra­ão, Isaac e Jacó. (Mateus 8,11).

– E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isa­ac e o Deus de Jacó”? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. (Mateus 22,31-32).

Vejamos mais algumas passagens:

– Quando entrares na terra que o Se­nhor teu Deus te der, não apreen­derás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua fi­lha, nem adivinhador, nem prog­nosticador, nem agoureiro, nem fei­­ti­ceiro; nem en­can­tador, nem necro­man­te, nem mágico, nem quem consulte os mor­tos; pois todo aquele que faz tal cousa é abo­minação ao Senhor; e por tais abominações o Senhor teu Deus os lan­ça de diante de ti. Per­fei­to serás para com o Senhor teu Deus. Porque estas na­ções, que hás de pos­suir, ouvem os prognos­ti­cadores e os adi­vi­nhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não per­mitiu tal cousa. (Deute­ronômio 18,9-14).

Moisés não era totalmente contra o profetismo (mediunismo), apenas era contrário ao uso indevido que davam a essa faculdade. Podemos, inclusive, vê-lo aprovando a forma com que dois homens a faziam, conforme a seguinte narrativa em Números 11, 24-30:

– Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Em seguida reuniu setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iahweh des­ceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Es­pírito que repousava sobre ele e o colocou nos setenta anciães. Quando o Espírito repousou sobre eles, profeti­zaram; porém, nunca mais o fizeram.

– Dois homens haviam permanecido no acampa­mento: um deles se chamava Eldad e o outro Medad.

O Espírito re­pou­sou sobre eles; ainda que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os ins­critos.

Puseram-se a profetizar no acampa­men­to.

Um jovem correu e foi anunciar a Moisés: “Eis que Eldad e Medad”, disse ele, “estão profetizando no acampamento”.

Josué, filho de Nun, que desde a sua infância servia a Moi­sés, tomou a palavra e disse: “Moisés, meu senhor, proíbe-os!”

Respon­deu-lhe Moisés: “Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta, dan­do-lhe Iahweh o seu Espírito!” A seguir Moisés volt­ou ao acampamento e com ele os anciãos de Israel.

Outro ponto importante que con­vém ressaltar é a respeito da palavra espírito, que aparece inú­meras vezes na Bíblia.

Mas afinal o que é espírito? Hoje sabemos que os espíritos são as almas dos homens que foram desligadas do corpo físico pelo fenômeno da morte. Assim, podemos perfeitamen­te aceitar que, exceto quando atribuem essa pala­vra ao próprio Deus, todas as outras estão incluí­das nessa categoria.

JESUS E AS COMUNICAÇÕES

Veremos agora a mais notável de todas as manifestações de espíritos que podemos encontrar na Bíblia, pois ela acontece com o próprio Cristo. Leiamos:

– Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus:

“Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.” Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz.” Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse:

“Levantem-se, e não tenham medo.” Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos” (Mateus 17,1-9).

Podemos ainda ressaltar que, de­pois desse episódio, Jesus não proibiu a comunicação com os mortos. Apenas disse aos discípulos para não que contassem a ninguém sobre aquela “sessão espírita”, até que acontecesse a sua “ressurreição”. E se ele mesmo disse: “tudo que eu fiz vós podeis fazer e até mais” (João, 14,12). Quem já teve a oportunidade de ler a Bíblia, pelo menos uma vez, percebe que ela está recheada de narrativas com aparições de anjos.

Na ocasião da ressurreição de Jesus, algumas delas nos dão conta do aparecimento, junto ao sepulcro, de “anjos vestidos de branco” (João 20,12; Mateus 28,2), enquanto que outras nos dizem ser “homens vestidos de branco” (Lucas 24,4; Marcos 16,5). Podemos concluir que realmente a comunicação com os mortos está presente na Bíblia, por mais que se esforcem em querer tirar dela esse fato.

Notas: (Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 29, páginas 12-17) . Livremente editado por Alexandre Cumino para o Jornal de Umbanda Sagrada, Setembro de 2008.

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